É pecado o cristão celebrar o Natal???


Chegamos ao fim do ano e novamente a polêmica surge no meio do povo de Deus: Afinal podemos ou não comemorar o Natal com a família, com troca de presentes, guloseimas, etc?! Artigos e estudos religiosos aparecem apresentando suas razões para rejeitar esta festa que ocorre em 25 de Dezembro, que tem a tradição de dizer que nesta referida data ocorreu o nascimento do Senhor Jesus Cristo. Realmente ninguém sabe ao certo a data. Se fizermos uma pesquisa veremos que as enciclopédias nos informam que a data do nascimento de Jesus Cristo ainda não foi satisfatoriamente reconhecida. Agora, diante deste fato, estamos proibidos de comemorar o natal? Será um pecado celebrar o Natal pelo fato de não termos a data correta?! 
 
As pessoas que vieram das cidades do interior fizeram seus registros de nascimento em datas bem posteriores ao seu nascimento, devido a ausência de cartórios em suas cidades, ou pela condição precária de locomoção, etc. Porém isso não impede que hoje comemorem seus aniversários, mesmo conscientes que aquela não é a data certa. Ora, estariam impedidos de realizar uma festa pelo simples fato de não terem a data certa do nascimento? Talvez você diga: "-Ah, pastor, mas com relação a Jesus é diferente..."  Porque?? O intuito do seu coração não é o de honrar ao Senhor pelo seu nascimento ocorrido a mais de dois mil anos?! Ou mesmo que tivéssemos a data certa, qual seria o seu propósito?!
 
Outros preferem atribuir a festa de natal a uma comemoração pagã, relacionando árvore de natal e papai noel a entidades demoníacas e objetos de magia negra, etc. As festas de aniversário também tem origem pagã. Como todos sabemos, os dois únicos aniversários que a Bíblia menciona são de pagãos, o Faraó do Egito (Gênesis. 40:20) e o Rei Herodes (Mateus 14:6). Deveríamos então por isso rejeitar também as festas de aniversário?!
 
Vejamos a origem da festa de aniversário:
 
"Os vários costumes de celebração de aniversários natalícios das pessoas hoje em dia tem uma longa história. Suas origens acham-se no domínio da mágica e da religião. Os costumes de dar parabéns, dar presentes e de celebração - com o requinte de velas acesas - nos tempos antigos eram para proteger o aniversariante de demônios e garantir segurança no ano vindouro..." (Schwäbische Zeitung , suplemento Zeit und Welt, de 3 de abril de 1981, p. 4)
 
"O costume de acender velas nos bolos começou com os gregos...Bolos de mel redondos como a lua e iluminados com velas eram colocados nos altares de templo de Ártemis...As velas de aniversário, na crença popular, são dotados de magia especial para atender pedidos...Velas acesas e fogos sacrificiais tem um significado místico especial desde que o homem começou a erigir altares para seus deuses...Originalmente, a idéia enraizava-se na magia..."  (The Lore of Birthdays, de Ralph e Adelin Linton, p. 8, 18, 20)
 
Agora me responda: Quem hoje em dia, principalmente um cristão,  faz festa de aniversário neste propósito?! Ora, se os argumentos para rejeitar a festa de natal é devido a sua origem pagã, então a festa de aniversário deveria ser do mesmo modo rejeitado, pois como vimos, aniversários também tem sua origem no paganismo. Jacó e José eram servos de Deus, mas quando Jacó faleceu José mandou embalsamá-lo (segundo costume dos egípcios pagãos), e mais tarde o próprio José foi embalsamado. (Gênesis 50:2,3,26).
 
Dizer aos filhos que Papai Noel existe é pecado?
 
Como escrevi sobre a páscoa em outro artigo, torno a repetir: Na escola as crianças ouvem diversos contos, que desenvolvem o raciocínio. Cinderela, chapeuzinho vermelho, os três porquinhos, rapunzel, a bela adormecida, a cigarra e a formiga, branca de neve, etc... Iremos tirar nossos filhos da escola por isso? As crianças acreditam nestes contos, e quando vão crescendo, claro, amadurecem, como acontece com a credibilidade no "papai noel". Quando uma criança pergunta aos pais de onde vem os bebês, será que a mãe deveria rasgar a verdade e dizer: "-Olha, eu e seu pai vamos para a cama, e temos uma relação sexual maravilhosa, desse jeito, e desse jeito também, e fazemos assim também, e aí veio a gravidez, e você nasceu..." Ou será que nós respondemos com alguma "mentira", que ela veio num "avião" ou "cegonha", ou de outro jeito, que evite a todo custo usar a palavra sexo para as crianças???
 
Não vejo nenhum mal em crianças acreditando num conto de natal, ou de outros contos tão bonitos. Isso não pode ser encarado como um ato "anticristão". Senão, todos os pais cristãos deveriam tirar seus filhos da escola, tirar a TV de casa, isolar do mundo, e lhes contar toda a vida como ela é, nua e crua, sem desviar o assunto. Estaria correto estragar toda uma infância?!
 
Assim como os aniversários, a festa de natal para nós tem outro sentido, outro significado. Se você vai comemorar o natal ou não, é uma decisão sua. Só quero deixar bem claro que não há nenhum respaldo bíblico para se proibir alguém das festas de fim de ano.
 
"Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber ou por causa dos dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados. Estas são sombras das coisas futuras; a realidade, porém, está em Cristo". (Colossenses 2.16-17)
 
Denis de Oliveira é pastor da Assembleia de Deus, Ministério Poder de Deus, RJ.


Porque há cristãos que se desviam da igreja?

Soou como uma bomba quando se espalhou a notícia que o "irmão Valtemir" se desviou da igreja. Era o presbítero mais procurado para orações! Entregava cada mistério que arrepiava os mais pentecostais e avivados da pequena cidade onde morava. "O homem tinha uma visão de raio-x", dizem muitos. O seu olhar na igreja fazia tremer quem estava em pecado. Os cultos que Valtemir pregava, ou dirigia, era fogo puro. Algumas meninas da mocidade, quando sabia que ele seria o pregador da noite, faltavam culto, saiam da igreja mais cedo, arrumavam qualquer desculpa para não ficarem na mira do olhar fuzilante do homem de Deus. Adultérios, fornicações, o que fosse, se tivesse de apontar, o homem apontava, e tinha razão! Muitos vinham ao altar chorando, e confessavam seus pecados. 

Porém hoje, quem deveria ir ao altar chorando seria o próprio Valtemir. Desviado, bêbado, triste, o homem que sacudia os cultos está no extremo oposto da fé cristã. Bebe até não aguentar mais, e volta para casa aos tombos. A esposa continua na igreja e nunca conseguiu entender tamanha apostasia. O nome "Valtemir" foi trocado, óbvio, para preservar a identidade. Mas o fato é real, e aconteceu não só com ele, mas com milhares de "Valtemir's" espalhados pelo mundo. Porque um homem que era tão usado por Deus, se desviou a ponto de viver como quem nunca conheceu o evangelho?

Prega-se tanta coisa no meio evangélico, que, por vezes, os próprios cristãos se vêem confusos em definir o que eles mesmos acreditam como regra de fé, e ideal no Reino de Deus. A cada momento surgem super-pregadores da Palavra, com mensagens "impactantes", frases de efeito, etc. Versículos bíblicos, que antes faziam parte de uma leitura devocional, agora são associados aos segredos da prosperidade financeira, dicas de um avivamento explosivo, vitórias sobre o inimigo, e outras interpretações. 

Enfim, o aprendizado evangélico atualmente, tem sido, para muitos, uma verdadeira colcha de retalhos, onde a definição não existe, mas apenas "sentimentos". Há cristãos que são guiados pelo famoso "senti que isso não é de Deus". A emoção é algo que, na maioria das vezes, confunde as pessoas, principalmente em se tratando de assuntos espirituais. A bíblia nos exorta de como enganoso é o coração do homem. A longo prazo a frustração é algo certo na vida de quem vive de "sentir", e não de entender as coisas segundo a Palavra de Deus. Com certeza, quem vive assim, é um futuro desviado da igreja.

"Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; 
quem o poderá conhecer?" (Jeremias 17:9)

Os sentimentos que muitos cristãos tem são, em sua maioria, contraditórios, confusos, e até hipócritas, diga-se de passagem. Partindo do princípio que "Deus não faz acepção de pessoas" (Romanos 2:11), não demora muito para se perceber os "dois pesos e duas medidas" no julgamento que muitos deles fazem. Como por exemplo, a 'cobrança' na fidelidade na vida de algum irmão. Quanto menos poder aquisitivo, ou seja, mais pobre a pessoa for, mais vulnerável a julgamentos ela é nos círculos dos "sentidores" das coisas de Deus. 

Se um irmão chega a pé em uma reunião, a cobrança por aparência e "santidade" é maior, do que com o irmão que chega em um carro novo. O irmão rico da igreja é visto como um "mistério", e seus deslizes, suas faltas aos cultos, suas vestes, suas atitudes mesquinhas, seu palavreado, é bem mais tolerado e perdoado do que o irmão mais humilde. O irmão pobre, que falta um culto, logo é cobrado. "-Porque o irmão fulano faltou o culto?" E justamente o que tem um bom automóvel, quase nunca é exortado.

"Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não são os ricos os que 
vos oprimem e os que vos arrastam aos tribunais?" (Tiago 2:6) 

As chances do esfriamento espiritual neste caso envolve os dois, tanto o irmão pobre como o rico. Um, logo sentirá a indignação de ser chamado a atenção por motivos mais óbvios do que o irmão abastado, que tem melhor condição de se deslocar para a igreja. E o outro por ser tratado não pelo que ele é, mas pelo que tem, não amadurece na vida cristã. Vai ao culto quando quer, visita um zilhão de igrejas, e vive enfiado em tudo que é evento evangélico. É uma árvore sem raiz, mas muito respeitado pela grande maioria dos irmãos. Como pode uma pessoa "sentir" de chamar a atenção de um irmão, que é pobre, e nunca sentir o mesmo com o irmão que é empresário?! Logo percebe-se que este "sentimento" é fruto de um preconceito, comum também em pessoas não-cristãs. Ou seja, é uma atitude mundana! E as lideranças que assim se comportam, criam as cobras que futuramente irão lhes ferir. Ambos, se não se desviarem, num futuro não muito distante, e por motivos totalmente diferentes, saem, e abrem as suas próprias igrejas. Mais a frente ele repete o processo quando tiver um irmão rico em seu rol de membros.

"Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos, e entrar também algum pobre com sórdido traje, e atentardes para o que traz o traje precioso, e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé, ou assenta-te abaixo do meu estrado, porventura não fizestes distinção entre vós mesmos, e não vos fizestes juízes de maus pensamentos?" (Tiago 2:2-4)

No início, após a gloriosa conversão, o cristão segue os conselhos e ensinamentos do pastor. Vai a Escola Dominical, reuniões de estudos bíblicos, enfim, tudo está muito bem até então. Com o tempo, o crente começa a achar que as profecias e revelações que ele ouviu em vigílias, montes e consagrações, o torna um "vaso" não reconhecido pela sua igreja e ministério. Durante o culto, ao ver algum irmão mais simples testemunhando ou pregando, comporta-se como um indignado. Tinha que ser ele! Sai de dentro da igreja, vai na cantina, banheiro, conversa na porta da igreja, nem aí para o que os outros estão falando. Mas se você não der a mesma atenção para o que ele falar é porque você está "desligado". 

No fundo o que ele mais fantasia é que um profeta se levante no meio da igreja, durante o culto, e bradar, com a igreja muda, todas as profecias e revelações referentes a ele, que ouviu nas 'reuniões de fogo' que visitou. Que a obra na vida dele é 'tão grande', mas 'tão grande', que ninguém ali estaria preparado para entender. Daí os irmãos, obreiros, o pastor, o passariam a vê-lo com outros olhos. Mas isso não acontece e ele vai embora pra casa 'marchando', se sentindo uma estrela não vista, um artista sem dar autógrafos, e já planeja mudar para a igreja onde rolou as revelações com ele. Um passo em direção ao desvio. Sua imaturidade não permite ver que lá encontrará problemas iguais ou até piores.

"Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada 
um considere os outros superiores a si mesmo". (Filipenses 2:3)

Outro fato que contribui para a apostasia é a mudança brusca de interpretação, sem base bíblica, do que é a "santificação" na vida cristã. A maioria dos evangélicos, diante de um grave problema pessoal começam a recorrer a reuniões de oração, algumas intituladas "fogo puro", onde a cobrança por 'santificação nas vestes' é áspera. Não é tolerado crente que usa bermuda ou camiseta, mesmo dentro de casa, e, segundo os mais rigorosos, até na hora de dormir. Falta pouco tomar banho de roupa. Há um repúdio para quem não se adapta as suas "doutrinas", como chamam, e cobram severamente de quem quer "receber alguma bênção". Mesclado a uma lista de podes e não podes, estes irmãos entregam um caminhão de revelações, e algumas "batem" com o que a pessoa está vivendo. Em meio a estes sermões exigentes, a pessoa que está numa baixa auto-estima em virtude de algum problema pessoal grave, acaba por se adaptar aos dogmas, no objetivo de ter aceitação social nestes grupos, e mais rapidamente ver sua bênção chegar. Ou seja, não houve nenhuma "libertação" de algum tipo de mundanismo, mas um interesse em não ser rejeitado das reuniões de fogo. 

Na realidade muitos destes 'profetas', quando iniciam na obra de Deus com sinceridade, humildade, e muita oração, (antes de tomarem posturas de julgarem e condenarem as pessoas), até são mesmo usados por Deus. Entregam revelações de assuntos íntimos, pessoais, impossíveis de saberem através de alguém, e por isso são vistos como irmãos consagradíssimos. Começam a ser mais respeitados do que o pastor da igreja. O líder de sua igreja não significa mais tanta coisa. Os irmãos dos "mistérios de fogo" agora são os "vasos" inseparáveis da caminhada cristã. Onde eles vão, vigílias, orações, vai toda aquela tropa de crentes, que não lê, não entende, nem procuram entender nada de bíblia, não sabem nem o que estão fazendo, mas adoram revelações, profecias, sonhos, visões e outros 'mistérios profundos'. Em pouco tempo de convivência percebe-se a malícia, disputa de profetas, de quem entrega mais revelações, e começa a divisão unida. Andam juntos, mas cada um por si. Fofocas, disse-me-disse, e quem vira as costas para ir pra casa dormir, descansar, ou resolver outros afazeres, é porque Deus 'arrancou' estes, e deixou os "mais puros ali" reunidos, para algo mais misterioso ainda. Só nunca se sabe o que. 

"Não deis ouvidos às palavras dos profetas, que entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer; falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor". (Jeremias 23:16)

Embora eu tenha um respeito enorme por estes irmãos, pois sei que no meio deles há muitos homens e mulheres de Deus, digo sem medo de errar: há muitos equívocos (mesmo que a intenção seja de nunca entregar falsas profecias), que atingem em cheio o coração das pessoas que seguem mais revelações do que a Palavra de Deus, e o resultado disso tudo é a pessoa, decepcionada, se desviar da igreja, e não acreditar em mais nada daquilo. E pode observar a vida destes rapazes dedicados a estes movimentos de fogo. Entra ano, sai ano, estão a mesma coisa. Não foram para outros países, como diziam as pseudo-revelações, não estão fazendo nada de extraordinário como se esperava, e vivem entregando quase as mesmas visões, mas para pessoas diferentes. Em muitos casos, não demora muito, se envolvem sexualmente com alguma moça da igreja, a namorada surge grávida, etc. Isso quando o escândalo não é o envolvimento com alguma destas irmãs casadas, que o marido fica sem comida pronta, a casa uma bagunça, e elas tem que ir "fazer o que Deus tá mandando". E enquanto nada é descoberto, estão lá, rasgando profecia pra todo lado.

"Nos profetas de Samaria bem vi loucura; profetizavam da parte de Baal, e faziam errar o meu povo Israel. Mas nos profetas de Jerusalém vejo uma coisa horrenda: cometem adultérios, e andam com falsidade..." (Jeremias 23:13-14)

Se você é cristão já a algum tempo, amadurecido, sabe que o que estou escrevendo aqui não é uma história que criei, algo da minha cabeça. Sabe que é uma realidade incontestável, isso se você mesmo já não passou por situações semelhantes. O que mais desejo em escrever artigos realistas não é dizer que sei mais da Bíblia, ou criticar igrejas ou pessoas, até porque nunca cito nomes. Mas o propósito é focar a sinceridade de coração na vida de cada cristão. 

Quando vivemos algo, porque a religião ou algum suposto 'profeta' ordenou, criamos uma falsa fé, uma hipocrisia, fazemos acepção de pessoas, julgamos, condenamos e amaldiçoamos pessoas. Quando vivemos uma fé sincera, embasada na Palavra de Deus, exercitamos o amor ágape, o amor verdadeiro, que ama aos irmãos, sejam eles ricos ou pobres. Que respeita profundamente o irmão que anda a pé ou que tem um carro importado. Que aconselha e ora pelo semelhante, ao invés de espalhar boatos que nem sabe se tem fundamento. Sua conduta e seus pensamentos estão voltados para uma reta justiça, e não a hipocrisia das aparências, a religiosidade e as suas demagogias. O seu coração é direcionado a atender ao Reino de Deus, ajudar sem olhar a quem, e ser apenas servo. Este é um grande passo para nunca se desviar dos Caminhos do Senhor!

"Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade". (1º Coríntios 5:8)

"Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus, antes falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus". (2º Coríntios 2:17)

Denis de Oliveira é pastor da Assembleia de Deus, Ministério Poder de Deus, RJ.

É pecado o casal cristão casado ir a um motel?!

Quando se trata destes assuntos os evangélicos ficam mesmo divididos em suas opiniões particulares. Uns afirmam que não é pecado, mas ficam com medo de debater o assunto, pois não tem respostas. Já outros respondem que é pecado. Dizem que não é lugar de cristão, e chegam a afirmar que freqüentar um lugar desses é como ir numa casa de prostituição. Vivemos em uma época em que parte da crença evangélica vive uma das piores fases em termos de conhecimento bíblico e geral. 

Vivemos a era dos "achismos" e outros "ísmos" criados por aqueles que "sentem" que algo "não é de Deus". Pouco se lê das Escrituras, e a emoção misturada as revelações e outras manifestações de caráter duvidoso, tomam conta cada vez mais de uma boa parcela da sociedade cristã, colocando medo e ameaças a quem ao menos pensar em liberdade cristã. Versículos isolados, línguas estranhas (algumas muito estranhas mesmo), já são conhecidos dos que vivem uma pseudo-santidade. 

Mas a saga dos legalistas parece não ter mesmo limites. Citar proibições, leis que não estão na Bíblia, é de uma hipocrisia de dar nojo. O crente tem o direito de não querer ir a um motel, mas julgar quem vai já o cúmulo. O termo MOTEL surgiu nos EUA como hotéis de motoristas na beira das estradas (Motorist Hotel = Motel). Nada tem a ver com casa de prostituição. Um casal em lua-de-mel, por exemplo, pode optar por hotel, pousada, chácara, etc. Sabendo que em todos esses lugares pode haver casais em adultério, traições, orgias, pois na recepção, ao alugar o quarto, nenhum recepcionista pede certidão de casamento a ninguém.

"Sabemos que somos de Deus e que TODO O MUNDO está no maligno". (1 João 5:19) Todo este mundo está contaminado, e não somente um motel ou hotel. Muitos alegam que o cristão deve escolher um "lugar santo". E como seria um "lugar santo"?! Dentro da igreja??? Num restaurante muitos incrédulos já passaram pelas mesas, ou quem sabe até o cozinheiro pode ser um ateu ou feiticeiro?! 


E no que isso poderia me prejudicar?? Em nada!!! Porque "O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra". (Salmo 34:7) Há igrejas que proíbem beijo na boca, carícias, afagos, até mesmo entre os casados. Cada um deles citando razões e versículos sorteados da Bíblia sobre "santidade do crente". É um legalismo que coloca o cristão num verdadeiro "talebã" evangélico.

Muitos cristãos acham "sujo" ir a um Motel pelo fato de ali ter passado outros casais e ter que usar a mesma cama para o ato sexual. Ora, não estamos aqui falando de qualquer motel barato. Um bom Motel oferece limpeza, troca constante de roupas de cama, conforto, serviço de primeira, e não uma espelunca qualquer! 

O mesmo pode ocorrer se o casal, ao viajar ou em lua-de-mel, escolher um Hotel ou Pousada. A cama destes lugares não diferencia em nada para o ato sexual. Nenhum casal irá dizer: "-Olha, aqui é um HOTEL e não um MOTEL...por isso não teremos relações sexuais aqui..." Em algumas cidades os Hotéis são mais usados para encontros de casais do que propriamente os Motéis!

Outra resposta de muitos cristãos até sinceros é que não vão a um motel porque a Bíblia diz: "Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores". (Salmo 1) 


Ora, quando a Bíblia descreve "caminho do ímpio", refere-se a não seguir os pensamentos deste mundo, e não de ir a um local que ímpios também frequentam, pois do contrário não poderíamos entrar em supermercados, farmácias, restaurantes, etc. Jesus comia com pecadores e foi criticado. (Mateus 9:10-12) 

Ou seja, ele estava no mesmo lugar, mas o seu ideal era outro. Tanto que a Bíblia diz que Jesus é o "caminho". Esse caminho não é um LUGAR propriamente dito, mas seguir os mandamentos do Senhor que estão na Bíblia Sagrada.

Como pastor pentecostal quero deixar bem claro a todos os amados irmãos, que não podemos jamais usar da liberdade cristã para estrapolar e enveredarmos pelo caminho do pecado. Sabemos que realmente devemos viver em santidade e em constante oração. O que quero esclarecer aos amados irmãos é que não vivam a sombra do medo, obedecendo a dogmas de homens, e sim obedecer as Escrituras Sagradas, a Palavra de Deus. Esta sim, nunca mudou, não muda, nem nunca mudará!

Obs.: A uns quarenta anos atrás, algumas igrejas proibiam: beber refrigerantes; mascar chiclete; usar perfume; usar shampoo; mulher não podia andar de bicicleta; mulher não podia ser vista conversando com homem; o casal de namorado não podia andar de mãos dadas; calça jeans era sinal de fraqueza espiritual; e além do paletó e a gravata, tinha que usar um chapéu! E quem não obedecesse a essas doutrinas era suspenso e excluído da igreja.


Muitos se agarram a versículos isolados da Bíblia e transformam em suas "doutrinas", sem ler o contexto do assunto. Por exemplo, a Bíblia diz: "Orai sem cessar". (1º Tessalonicenses 5:17) E será que "orando sem cessar" o cristão não irá mais trabalhar? Não terá mais seus momentos de lazer?? Esse "sem cessar" Paulo se refere a oração constante, contínua, sempre orando, e não a ficar orando direto sem parar num mesmo lugar. 


Sempre exorto a todos os amados irmãos a andarem conforme a PALAVRA DE DEUS, e não segundo as proibições dos homens, que constantemente estão mudando suas "doutrinas", ora proibindo, ora liberando outra vez.

"Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; as quais tem, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne". (Colossenses 2: 20-23)

“Quem és tu, que julgas o servo alheio? Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em seu próprio ânimo. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. E quem come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus”. (Romanos 14:4,5)

"E dizem: Retira-te, e não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu. Estes são fumaça no meu nariz, um fogo que arde o dia todo". (Isaías 65:5)

Denis de Oliveira é pastor da Assembleia de Deus, Ministério Poder de Deus, RJ.

É errado o cristão ter uma arma em casa?


Este artigo não tem o objetivo de fazer apologia ao uso de armas, mas de refletirmos sobre o direito de cada cidadão a ter a sua legítima defesa. Quero deixar bem claro a todos os meus amados irmãos em Cristo que, como pastor, jamais defenderei o "andar armado" pelas ruas. Até porque se você não é alguém autorizado pelas leis do nosso país para tal, estará totalmente errado. Nossa segurança está em DEUS! Porém, faço apenas uma pergunta: se trancamos as portas de casa, se colocamos alarmes nas portas, principalmente em comércios, se soltamos cachorros no quintal, e colocamos grades nas janelas, porque é proibido o cristão ter uma arma legalmente em sua residência?!?!

Para se comprar uma arma, é feito um cadastro da pessoa com o número de registro. Ninguém chega numa loja e compra armas como quem compra um quilo de batatas num supermercado. A arma é registrada no nome do comprador, e o exame de balística (feito na bala após o tiro) identifica a arma que efetuou o disparo. Logo, bandido não compra arma em loja. É o cidadão comum que compra na loja, para sua legítima defesa. As armas do crime são comercializadas ilegalmente. O grande problema da violência e crimes com armas de fogo não é o comércio legal das armas, e sim o comércio ilegal. Uma faca também é uma arma, uma arma branca, se o seu intuito for o de tirar a vida de alguém. Muito antes de existir qualquer tipo de arma, Caim matou Abel, e foi o primeiro homicídio sobre a face da terra. Armas não matam pessoas. Pessoas matam pessoas.


Um dos discípulos de Jesus, Simão Pedro, carregava sua espada na cintura. Jesus nunca o mandou retirar ou jogar fora. Apenas o reprovou quando ele fez um mal uso, arrancando a orelha do soldado Malco quando este foi prender o Mestre. O Senhor explica a Pedro que aquilo já estava previsto acontecer, e que ele não poderia impedir a profecia do seu cumprimento. Este foi o único momento em que Jesus reprovou o uso da espada por Pedro. Porque o Senhor nunca falou nada com ele antes?! Seria natural que, andando ele o tempo todo ao lado do Senhor Jesus, logo viesse a advertência: "-Pedro, o que você faz com esta espada?...Joga isso fora....Você é meu discípulo". Mas ao invés disso o Senhor apenas disse:

"Mas Jesus disse a Pedro: Mete a TUA ESPADA 
na bainha; não beberei eu do cálice que o Pai me deu?" 
(Evangelho de João 18:10,11)

Veja bem, Ele não mandou Pedro jogar a espada fora. Apenas disse para Pedro a guardar de volta na bainha, pois ele tinha que beber daquele cálice. E para Pedro ter a precisão para arrancar a orelha de um soldado, há aqui duas coisas a se reparar: além da espada estar muito bem afiada, Pedro, com certeza, treinava constantemente. O que percebemos é que aquela arma (a espada) parecia impor respeito em outras ocasiões. 

Quantos cristãos, no objetivo de impor algum respeito, selam amizades com autoridades policiais, e fazem questão de deixar explícito, publicamente, afirmando que são amigos de "fulano" e "beltrano"?! O único propósito disso tudo é a intimidação. Com isso deixam subentendido que, se eles não "fizerem" alguma coisa, seus "amigos" podem até tomar as dores, em nome da amizade. Ou seja, fazem o pior, pois ao invés dos seus problemas estarem "nas mãos do Senhor", como tanto aconselham, estão nas mãos de pessoas mundanas, que não tem nenhuma ligação com a obra de Deus.

A preocupação do ser humano em andar segundo as regras de sua religião, muitas vezes rouba-lhe uma fé mais sincera, mais verdadeira. Na grande maioria das vezes as pessoas mudam de hábitos não porque realmente desejaram, mas porque alguém da igreja assim o aconselhou. Há conselhos que são bons, quando, na incerteza e insegurança, alguém procura dialogar com quem tem mais experiência na jornada cristã, e assim toma uma decisão mais sensata, quando testifica também em seu coração. 

Mas quando estes "conselhos" se transformam em imposições, censuras, proibições, que são empurrados goela abaixo, sem o direito a questionamentos, cria-se então o fanatismo religioso, demagogias, hipocrisias, onde se "coa um mosquito e engole-se um camelo". Resumindo: muitos não tem mesmo uma arma em casa, mas os seus lábios são um túmulo aberto. A língua, de muitos, é pior do que uma arma de fogo, suas palavras são piores que o disparo de um revólver. 

Muitos alegam ainda que "ter arma em casa é um perigo". Isso porque já ocorreram inúmeros casos de jovens que acharam a arma do pai em alguma gaveta, e realizarem peripécias, como levar para a escola, e muitas chegarem a consequências trágicas. Ter uma arma em casa, deve-se ter os mesmos cuidados para não cair em mãos erradas, ou de crianças, quanto a de produtos químicos, alertados nos comerciais na televisão. Não podemos atribuir a irresponsabilidade de alguns ao fato de não poder ter arma em casa, ou então será pecado também comprar cloro, ácidos, e outros produtos químicos de limpeza que fiquem ao alcance das crianças.

O maior problema do Senhor Jesus sobre a terra foi justamente com os religiosos, que ao invés de se preocuparem com o amor ao próximo, em ajudar o semelhante, apregoavam os seus achismos, os dogmas de seus templos. A bíblia foi escrita muito antes de existirem as armas de fogo, e os homicídios já aconteciam. O que muda uma pessoa, o que a transforma em uma nova criatura, não é o fato de se ter ou não um objeto, uma arma, uma faca, uma espada, uma pedra, mas no que está posto o seu coração. Não são fatores externos que transformam a pessoa em mais ou menos santa que outra. Se um cristão tem consciência que os cães ferozes em seu quintal podem matar um ladrão, qual a diferença de uma arma de fogo, que ele pode apenas dar um tiro pra cima? Ele terá mais controle sobre os cães?? Que cada irmão venha a tirar as suas conclusões e ter as suas escolhas, daquilo que é melhor para o seu lar, a sua família, a sua segurança, sem que ninguém apenas diga que é errado.

"Mas, se alguém não cuida dos seus, e especialmente dos 
da sua família, tem negado a fé, e é pior que um incrédulo". 
(1º Timóteo 5:8)

Denis de Oliveira é pastor da Assembleia de Deus, Ministério Poder de Deus, RJ.

É errado o cristão participar de manifestações pela rua?

“Até quando defendereis os injustos, e tomareis partido ao lado dos ímpios? Defendei a causa do fraco e do órfão; protegei os direitos do pobre e do oprimido. Livrai o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios. Eles nada sabem, e nada entendem. Andam em trevas”
(Salmos 82:2-5)

Nesta semana a imprensa não trata de outro assunto, senão os protestos que tomaram conta do país. Mesmo durante a Copa das Confederações, pois brasileiro adora futebol, o assunto 'esporte' tem ficado em segundo lugar na mídia. O que se vê nas capas de jornais e revistas, na internet, chamadas de telejornais, são as manifestações nas ruas do Brasil. A frase estampada em faixas e cartazes é: "O Gigante Acordou". O termo 'Gigante' é porque esta nação é muito grande, produz inúmeras riquezas, e o povo convive com uma enorme desigualdade social. Enquanto uns tem casas e apartamentos de luxo, carros importados, muitos outros não tem onde morar. Enquanto uns jogam comida fora, muitos outros não tem o que comer. 'Acordou', porque o povo brasileiro é conhecido pela passividade a todas as injustiças que sofre, na educação, saúde, transporte, moradia, segurança, ganhando um salário que não dá para muita coisa. E agora esta "paciência de Jó" parece ter chegado ao fim!

Mas e o que o cristão tem a ver com isso? Talvez alguns indaguem, embasados no pensamento cristão de que todos estes problemas são "espirituais". Não há dúvida que a maioria dos problemas que assolam uma pessoa pode ter mesmo uma raiz espiritual, quando absolutamente tudo na vida de uma pessoa parece dar errado. Todavia, nem sempre podemos atribuir detrminadas mazelas, como corrupção no país, impostos altos, preços subindo, desemprego, hospitais lotados, etc, a fatores espirituais. Aí já percebemos a ação do homem, assim como entendemos que o desequilíbrio ecológico existe em razão da destruição da natureza, como desmatamentos, poluições, e outros malefícios ao meio ambiente. Não atribuimos aos alagamentos, chuvas torrenciais, geleiras que se derretem, camada de ozônio sendo rompida, a motivos espirituais, porque já existe uma incessante campanha contra a destruição da natureza. Daí nosso entendimento nos faz diferenciar entre aquilo que é espiritual, e o que é humano. Porque se todos os erros fossem culpa do 'mundo espiritual' o homem não prestaria conta dos seus erros. Aqui no Brasil, a Floresta Amazônica, com 7% da superfície total do planeta, e abrigando cerca de 50% da biodiversidade mundial, é vista com certa preocupação por países de primeiro mundo, que tem apresentado projetos e se oferecido para proteger e cuidar em virtude dos desmatamentos que não são pequenos.

Será que diante das atitudes errôneas, que prejudicam a nação, seja na natureza ou na administração pública, o cristão deve cruzar os braços e "entregar nas mão de Deus", pois Ele "sabe de tudo"?! Devemos ficar passivos e assistir calmamente ao homem destruir árvores, verbas públicas, e ficarmos calados, omissos, diante de tamanhas injustiças com o nosso povo?! (Não estou me referindo a vandalismo e quebra-quebra, por favor. Me refiro as manifestações pacíficas, que a grande maioria tem feito. Aliás, não adianta nada lutar contra a injustiça cometendo atos injustos, destruindo patrimônios públicos, comércio, causando prejuízos a outros que estão trabalhando). Seria Jesus considerado então um "agitador", por expulsar os vendilhões do templo, de forma nada discreta? Jesus não estava irado, ou com ódio no coração, mas indignado, com uma situação errada. E indignação é um sentimento totalmente diferente de ódio, ira, ou falta de perdão. Você pode até perdoar, mas não deixará de sentir o natural sentimento de indignação diante daquilo que está errado! E somos convidados, pelo apóstolo Paulo, a sermos imitadores de Cristo. "Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo". (1º Coríntios 11:1)

Diariamente enfrentamos os mais diversos problemas em nossa vida. Sejam familiares, no trabalho, com vizinho, no trânsito, etc. Nem sempre diante destes problemas ficamos apenas "entregando nas mãos do Senhor", mas agimos. Se o problema é com filhos, conversamos, advertimos, colocamos de castigo, e tentamos resolver, mesmo com muita oração. Se é com esposa(o), o diálogo é importante, o acordo, as economias do lar, etc. Enfim, os problemas até podem mesmo ter uma razão espiritual, mas isso não nos impede de agir, conversar, com equilíbrio e coerência, com oração, dentro do campo das nossas possibilidades. Sabemos que o Senhor Jesus cura, mas não deixamos de ir ao médico. Lucas, na bíblia, autor do evangelho que leva seu nome, era médico (Colossenses 4:14). Entendemos que, mesmo o Senhor nos guardando, nos livrando de todo mal, sendo a nossa proteção "sob o esconderijo do Altíssimo", como nos reforça o Salmo 91, não deixamos de trancar as portas de casa, ao sair, ou na hora de dormir. Nas casas de muitos de nossos irmãos vemos muros com cacos de vidros, portas bem trancadas, reforços nos portões com cadeados, cachorro no quintal. Ou seja, o fator "vigilância" humana, que entra em ação, ao invés de ficar apenas "repreendendo" na área espiritual.

Partindo deste princípio, de orar e também agir, é que as manifestações pacíficas, sem vandalismo, sem destruição do patrimônio público, é que são válidas, e mais: são a identidade do protestante, que se origina no termo protesto, contra o erro, a injustiça, a desigualdade. O grande movimento pelos direitos civis nos EUA, era liderado pelo pastor Martin Luther King Jr. A Reforma Protestante iniciou com Martinho Lutero, protestando contra a venda de indulgências e outros erros. Estes homens tornaram-se referências as reivindicações àquilo que é de direito, da voz calada da população, do sofrimento da nação com inúmeras injustiças na área social. Agora, o povo brasileiro começa a sair da caverna, a sair do Egito, e erguer a voz contra o pecado dos homens que nos representam, que nós os elegemos e os colocamos lá. O povo está cansado só de cobranças, cobranças e mais cobranças. Inúmeros impostos, bilhões arrecadados, e o povo sofrendo. Se você não pagar uma conta, você é cobrado. Agora chegou a vez de cobrar deles.

"A Reforma Protestante só foi vitoriosa porque houve discussões. Se fosse correta a opinião de certas pessoas que amam a paz acima de tudo, nunca teríamos tido a Reforma. Por amor à paz deveríamos adorar a virgem Maria e nos curvar diante de imagens e relíquias até o dia de hoje. O apóstolo Paulo foi a personalidade mais agitadora em todo o livro de Atos, e por isso foi espancado com varas, apedrejado e deixado como morto, acorrentado e lançado na prisão, arrastado diante das autoridades, e só por pouco escapou de uma tentativa de assassinato. Suas convicções eram tão decididas que os judeus incrédulos de Tessalônica se queixaram: "Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui" (At 17.6). Deus tenha misericórdia dos pastores cujo alvo principal é o crescimento das suas organizações e a manutenção da paz e da harmonia. Eles até poderão fugir das polêmicas, mas não escaparão do tribunal de Cristo". John Charles Ryle

"Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, mas não lhes der o necessário para o corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma". (Tiago 2:15-17)

Denis de Oliveira é pastor da Assembleia de Deus, Ministério Poder de Deus, RJ.

É correto excluir alguém da igreja devido à pecado?

"Ora, se teu irmão pecar contra ti,
vai, e repreende-o entre ti e ele só;
se te ouvir, ganhaste a teu irmão".
(Mateus 18:15-17)
 
O Novo Código Civil Brasileiro exige mais apuração dos pastores antes de disciplinar um membro da igreja. O artigo 57 declara que, para se excluir alguém, tem que haver justa causa! A pouco tempo chegou em uma igreja um jovem de cabeça baixa, chorando, e foi conversar com o pastor na secretaria. Ele confessou, aos prantos, que havia pecado com uma moça descrente. Ele estava profundamente arrependido, mas isso não o impediu de receber a sentença: Foi excluído da igreja. É lógico que este jovem, não poderia, após ter cometido este pecado, ficar usando o microfone da igreja. Até porque agora ele deve orar mais, vigiar mais, se recuperar do prejuízo espiritual que o diabo lhe causou. Mas será que o pastor não poderia apenas afastar o jovem das atividades eclesiásticas, deixando-o em observação, ao invés da "exclusão"?!
 
Deixo bem claro aos amados irmãos que não sou contra as disciplinas e regras de cada igreja. Apenas enfatizo aqui a falta de perdão, de amor ao próximo, de averigüação em cada caso de exclusão, o que pode causar sérios prejuízos a nós mesmos, que somos pastores. A base usada em algumas igrejas é 1º Coríntios 5:1-13. PASSE O MOUSE AQUI E LEIA Paulo inicia sua carta comentando a fornicação que havia entre os coríntios. Era algo tão permanente e terrível que Paulo chega a afirmar que não havia tal coisa nem entre os gentios. Paulo não se refere a um caso de queda seguido de arrependimento. Se assim fosse, a mulher adúltera de João 8 seria expulsa de perto de Jesus. Mas Jesus não condenou, não a expulsou de perto Dele, mas a aconselhou: "Vá e não peques mais". (vs 11) O que mais Ele iria fazer a uma pessoa que quase morreu por causa do pecado?! E Jesus ainda repreendeu o julgamento carnal: "Vós julgais segundo a carne. Eu a ninguém julgo". (vs 15) E quando Paulo fala do "fermento" (1º Cor. 5:6) não se refere a pessoas, mas o fermento da maldade e da malícia. "Por isso façamos a festa, näo com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ásmos da sinceridade e da verdade". (vs 8)
 
E no último versículo (13) Paulo diz: "Tirai pois dentre vós a esse iníquo". A palavra "iníqüo" vem do latim in = negar e aequus = justus = negar a justiça. O anticristo é chamado de iníqüo em 2 Tess. 2:8. Logo, uma pessoa iníqüa é aquela que nega a justiça, que não aceita a palavra de correção, e não um pecador sinceramente arrependido. 
 
O afastamento do nosso convívio, que a Bíblia recomenda, é com relação a indivíduos que claramente usam de engano e falsidade na igreja. Paulo afirma: "Näo vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberräo, ou roubador; com o tal nem ainda comais". (vs 11) Entendemos, segundo a Bíblia, que o pecador arrependido sinceramente alcança o perdão. Mesmo que o seu pecado não seja a primeira vez. Em Mateus 18:21,22 diz: "Entäo Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmäo contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Näo te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete". Interessante notar que estes versículos vem logo após a questão da punição em Mateus 18:15.
 
O objetivo de uma punição não é exaltar o punidor e nem "purificar" igrejas, mas levar o punido a reflexão dos seus atos, e conseqüentemente, ao arrependimento. Se o pecador foi levado a reflexão e ao arrependimento sem precisar de punição, vamos entender melhor Jesus em João 8. E qual punição mereceria o Filho Pródigo em Lucas 15:11-32? O texto diz que o filho pródigo foi viver "dissolutamente", ou seja, devassamente, fazendo tudo o que queria. No versículo 30 é dito que gastou os bens com as "meretrizes" (prostitutas). Na opinião de muitos este filho mereceria uma severa punição. Mas o pai pôs nele o melhor vestido, um anel em sua mão, e matou um bezerro, fazendo uma festa de causar ciúmes ao outro irmão. Este texto é uma parábola, mas Jesus jamais recitaria uma parábola que infringisse os princípios cristãos. As parábolas são justamente para explicar como devem ser as atitudes dos verdadeiros servos de Deus. Veja que o filho pródigo sofreu as conseqüências do seu pecado, e voltou arrependido, com a humildade de querer ser apenas um simples jornaleiro de seu pai. Mas o pai o recebeu como filho, em festa, como se este nunca tivesse transgredido seus mandamentos!
 
Alguns ainda baseiam sua exortação pública usando o versículo de 1 Timóteo 5:20:
 
"Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos,
para que também os outros tenham temor".
 
Preste bem atenção que este versículo se refere a repreender "na presença de todos que pecarem", e não na presença de toda a igreja, como muitos erroneamente interpretam. O versículo diz: "Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos..." De todos quem?? De todos que pecaram! E ele completa: "...para que também os outros tenham temor". Ora, o cristão verdadeiro já é temente a Deus. Em que iria contribuir a igreja ver um irmão ser envergonhado publicamente? Ninguém deve viver observando punições alheias para ter temor e não pecar. O cristão deve observar a Palavra de Deus para não pecar. "Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra. Escondi a tua palavra no meu coraçäo, para eu näo pecar contra ti". (Salmo 119:9,11) É importante observar que esta passagem de 1 Tim. 5:20 pode se chocar com Mateus 18:15, se não for aplicada com sincero amor cristão. E nesta passagem ainda Paulo alerta a Timóteo a "nada fazer por parcialidade" (1 Tim. 5:21). Ou seja, não ser imparcial. Se há rigor na exortação ao irmão mais pobre, que use do mesmo rigor com o irmão empresário, ou filho do pastor-presidente. Será que são feitas assim as punições de hoje?!  
   
Esta passagem de 1 Timóteo 5:20 se dirige a casos específicos que podem acontecer. Principalmente se o pecado de algum irmão estiver, de certa forma, influenciando parte da igreja. Este versículo é tão específico quanto o versículo 23:
 
"Näo bebas mais água só, mas usa de um pouco de vinho, por causa
do teu estómago e das tuas freqüentes enfermidades".
 
Usaremos este versículo como "doutrina"? Todos nós devemos beber a água sempre com um pouco de vinho?? Ou ele se refere a algo específico na vida de Timóteo? Assim, a punição do versículo 20 tem seus casos específicos, como o que Paulo escreveu a Timóteo.
 
No Salmo 32:8,9 Deus deixa claro que não deseja um relacionamento de obediência por medo ou proibições. Ele quer servos que o sirvam por amor, em espírito e em verdade.
 
"Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais com
freios e cabrestos são dominados, de outra sorte não te obedecem".
 
Ora, se a exclusão fosse um remédio de purificação da igreja a exortação de Paulo em não tomar a Santa Ceia indignamente seria em vão! (1 Cor. 11:20-34) Todos nós somos pecadores por natureza! Paulo afirma ser o "principal dos pecadores". (1 Tim. 1:15) Então estamos todos nós excluídos? Claro que não. Tanto a exclusão quanto a advertência de tomar a ceia indignamente tratam de pecados permanentes, sem arrependimento.
 
Muitas vezes não entendemos haver tanta preocupação em punir com exclusões, se a Bíblia diz em 2 Tim. 3:9 que "Eles não irão adiante". E no Salmo 101:7 diz: "O que usa de engano näo ficará dentro da minha casa". E não há melhor ilustração do que a parábola do Joio e o Trigo. Em Mateus 13:24-30 Jesus nos ensina que, quando os servos viram o joio no meio do trigo, disseram:
 
"...Queres, pois, que vamos arrancá-lo?"  Mateus 13:28b
 
Ao que o chefe de família respondeu:
 
"Não, para que, ao colher o joio, não arranqueis com ele também o trigo".  Mateus 13:29
 
Jesus deixou bem claro que o joio não pode ser tirado do meio do trigo até o dia da colheita! E para quem ainda não entender a parábola, Jesus deixa mais claro ainda, explicando:
 
"...a boa semente são os filhos do reino; o joio são os filhos do maligno..."  Mateus 13:38
 
E no versículo 39 Ele diz quando será a ceifa:
 
"..a ceifa é o fim do mundo..."  Mateus 13:39b
 
Está bem claro que, antes do fim, ninguém pode julgar, condenar, arrancar ninguém!   
  
Se há rigor para exclusões e punições severas, então que ela seja imparcial, e que siga toda a Escritura, em sua essência, para que não haja imparcialidade, preconceito e acepção de pessoas. Por exemplo, a Bíblia diz:
 
"Mas, se alguém näo tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família,
negou a fé, e é pior do que o descrente". (1 Timóteo 5:8)
 
Constantemente presenciamos sérios problemas de família, envolvendo irmãos e até "obreiros". Mulheres mau tratadas, filhos desamparados, etc, e muitas vezes não vemos punições nestes casos. E a Escritura nos diz que este é pior que o descrente! São fatos lamentáveis, pois quase que diariamente sabemos de jovens que são excluídos por confessarem seus pecados com sincero arrependimento.

Todavia, o Senhor dos Exércitos, que peleja pelos seus, tem erguido um povo forte, um povo que lê mais, que pensa mais, que medita mais nas Sagradas Escrituras. E até nossas autoridades tem sido abençoadas para criar novas leis que venham a proteger o Povo de Deus de ser tão humilhado injustamente.

"Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor. Portanto assim diz o Senhor Deus de Israel, contra os pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e näo as visitastes; eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas açöes, diz o Senhor. E eu mesmo recolherei o restante das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificaräo, e se multiplicaräo". (Jeremias 23:1-3)

Denis de Oliveira é pastor da Assembleia de Deus, Ministério Poder de Deus, RJ.

O contrassenso na vida do povo evangélico!

As vezes me surpreendo analisando o comportamento evangélico. Como pode um cristão, apregoar uma coisa com tanta fé, e viver totalmente o oposto daquilo que prega, sem isso lhe causar incômodo ou arrependimento? Não me refiro a perfeição. Estamos longe de chegar a este patamar, seja membro, pastor, missionário, etc. Aqui na terra, enquanto vivemos nesta carne, o pecado será sempre uma constante, e um alerta da nossa dependência da graça! (Obs: Isso não significa viver uma vida de pecado. Uma coisa é você errar, falhar, ocasionalmente, e outra é você viver sob o domínio do pecado). Se eu prego contra um determindo tipo de atitude, e aconselho com veemência a se ter um comportamento "diferente do mundo", eu não posso, em hipótese alguma, praticar justamente o que eu tanto condeno. Mas por incrível que pareça, é o que mais acontece no meio do nosso amado povo evangélico.

Seria incoerente de minha parte afirmar que nossos amados irmãos pregam muitas coisas com "fingimento". Apesar de realmente muitos na prática viverem uma fé notadamente fingida, a maioria peca pela ignorância e falta de maturidade cristã. "O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento". (Oséias 4:6) Falta preparação, instrução, aconselhamento, enfim, um conjunto de fatores do viver cristão, que amadurecem um homem ou mulher de Deus, para não pregarem, por exemplo, com o coração cheio de inveja, ódio, revolta, e descarregar no púlpito as suas frustrações. "E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros". (2º Timóteo 2:2) Por esta e por outras razões, os cristãos antigos aguardavam um bom e merecido tempo, antes de sairem pregando, testemunhando, representando a igreja de Cristo mundo a fora.

Atualmente o que vemos são pregadores, com dois ou três meses de convertido, rapidamente tornando-se 'conferencistas'. Sob o pretexto e argumentação de que "o tempo está curto", ou "a obra na vida do irmão está atrasada", pois era um desviado que já "conhecia a verdade", sentem-se preparados para pregar e "brilhar" nos púlpitos das igrejas, que no fundo é o que mais almejam. Resultado: 'meninos' na fé se desdobram para viajar para qualquer lugar, munidos de uma importante maleta estilo '007', com bíblia e agenda dentro, pregando o que acham, o que eles mais ou menos entendem de bíblia. Ouvem pregações aqui e ali, aprendem algumas frases de efeito no meio pentecostal, pulam, sapateiam, gritam, e espalham uma miscelânea de achismos, e, não demorando muito, fundam mais uma igreja, a "mais pura de todas", detentora do único conhecimento da"santidade" quase arrebatadora, "mistério profundo" que as outras igrejas desconhecem. 

A igreja que eles fundam tem como estatudo doutrinário uma 'colcha de retalhos' de achologias, sonhos, visões, revelações, e partes de versículos bíblicos isolados, interpretados por uma mentalidade pífia, vergonhosa. Mais uma para entrar nas estatísticas aqui no Brasil, o maior complexo de denominações evangélicas da América Latina. A 'Igreja do Fogo que Sobe' fica situada, por mera coincidência, na mesma rua da 'Igreja do Fogo que Desce'. A primeira é a "certa", porque lá a oração é tanta, que o fogo sobe! É um fogaréu!!! Mas a segunda pode ser a certa, porque lá o fogo desce sobre todos! E daí este blá blá blá você irá ouvir de alguns líderes que, diferente de estarem preocupados com o dia do arrebatamento, estão preocupados em arrebatar pessoas para os seus templos.

Para algumas igrejas, se você é um dizimista fiel, não precisa mais se preocupar tanto com a famosa "carta de transferência", exigida rigorosamente até o início dos anos 1980. Quando você saía de uma igreja, e se transferia para outra, você pegava, na secretaria, a sua 'carta', assinada pelo pastor, como um atestado que você era um membro fiel, assíduo, daquela congregação. Hoje até falam da carta. Se você tiver, muito bem. E se não tiver a tal carta, "aleluia irmão", e está tudo bem também! Vão te recusar? Corre-se o risco de você, obviamente, ir para outra igreja! O que não falta hoje é igreja para você ir e o pastor dizer que Deus acabou de te enviar para aquele lugar.  

Todavia deixo claro aqui que esta "carta" de mudança de igreja é só um detalhe. Pode ser mesmo que a outra igreja, que a pessoa saiu, de 'picuinha' por a pessoa ir para outra (não duvide, isso também acontece), não dê a carta, e a vida sincera, o bom testemunho da pessoa, seja a sua melhor carta de transferência! Cito a carta, como exemplo da mudança nas rigorosidades religiosas que orbitavam no meio evangélico, e o tempo as tornou obsoletas. Antigamente, quando o número de igrejas era escasso, era fácil dizer a pessoa: "Para onde você vai sem a sua carta?" Hoje as igrejas se multiplicaram e o que não faltam são denominações para dizer "Glória a Deus" com a sua chegada, e que "a obra está crescendo".

Jamais vou generalizar. Há muitas igrejas sérias, independente da denominação, que trabalham com ética, que estão mesmo precocupados com o Reino de Deus. Quando eu era missionário visitei e preguei em muitas igrejas, onde minha vontade era ficar ali e não sair mais, tamanha a sinceridade dos irmãos, amor verdadeiro, pastores, líderes, sofredores, homens e mulheres de oração, que sofrem as mais diversas perseguições, e permanecem firmes, em oração, e não tiram a mão do arado, nem olham para trás. E há muitos assim, que pregam o evangelho verdadeiro, que adoram em espírito e em verdade. Porém, infelizmente há os que escandalizam. Há igrejas em que a sua carta de recomendação chama-se 'dízimo'. Se for rico, então, em poucos dias a subida na escada ministerial já é certa! Um estratégia para "segurar" esta ovelha de valor. Um método inconsequente para 'fisgar' de vez o "peixe grande", que o líder acredita que o Senhor colocou ali para 'abençoar' o seu carro do ano, ou melhor, a "obra de Deus".

Um comportamento condenado no meio evangélico é o ato de fumar cigarro. Uma pessoa que vai a igreja e ainda fuma é considerado apenas como um mero "visitante". Largar o vício do fumo de vez ainda é o maior sinal que a pessoa realmente abraçou a fé e se converteu. Não será aceito uma "falha", em que um belo dia, a pessoa não resista, e venha a pegar num cigarro. Um crente acender a "chupeta do demônio" é o mesmo que xingar a Deus, se drogar, ir para a bruxaria, virar ateu, e se tornar um possesso pelo demônio. A imagem de um cristão fumando é inaceitável, e repudiada cem por cento pela igreja. Concordo não só pela espiritualidade, mas também pela saúde. Todo mundo sabe dos males que o fumo causa ao corpo. Somos templo de Deus, e se você destrói o templo de Deus, também será destruído. (1º Coríntios 3: 16,17) 

Porém não vemos o povo evangélico, em sua maioria, ter a mesma visão radical do crente viciado em "fofoca". Para muitos, mesmo que a bíblia condene falar mal dos outros, ("Irmãos, não faleis mal uns dos outros". Tiago 4:11), mesmo que as Escrituras advirtam ao amor incondicional ao próximo, este pecado não só será perdoado, como ainda será motivo de risadas, e pior: será de grande interesse de algumas lideranças, para "ficar sabendo" do que acontece na vida dos membros. Estar alienado da vida alheia, e não estar sintonizado nos "babados" da comunidade, é um tipo de "ingenuidade" inaceitável para alguns pastores. Condena-se o vício do cigarro, da bebida, mas não de atitudes que também mancham a imagem da igreja. Enxerga-se fofoca e falsidade como pecados perdoáveis e corriqueiros.

Aprendemos, na jornada cristã, um corinho conhecido, que ensina: "Entrega os seus problemas nas mãos do meu Senhor da Galiléia...Meu Jesus que cuida de mim, noite e dia sem cessar..." Este corinho tem base bíblica, que diz: "Entrega o teu caminho ao Senhor, confia Nele, e o mais Ele fará". (Salmo 37:5) Ora, se a minha confiança está num Deus que cuida de mim, noite e dia sem cessar, porque eu precisaria ouvir fofocas, preocupado em 'saber' das coisas? Porque eu estaria em 'rodinhas de fofoca' para saber da vida de outro irmão?! Contribuiria a fofoca para o meu sermão surtir mais efeito? Quando eu prego em um lugar desconhecido, não deixo Deus falar da maneira que Ele quiser?! Porque na igreja que dirijo tenho que jogar "indiretas", embasadas no "ouvi dizer", "disse-me-disse", que, com toda certeza, não surtirão o mesmo efeito, de quando o Senhor fala aos corações. Muitos, ao contrário, querem usar Deus, para tentar colocar a igreja "nos eixos", no seu modo de ver as situações na vida das pessoas. Quando fazemos do nosso braço de carne a nossa força, o resultado são intrigas, divisões, pessoas que saem magoadas e acabam até por se desviarem da fé, tamanha decepção. "O irmão ofendido é mais difícil de conquistar do que uma cidade forte; e as contendas são como os ferrolhos de um palácio". (Provérbios 18:19)

Só o amor de Deus enxerga muito além dos olhos humanos. Somente o Senhor, que sonda os corações, sabe porque um irmão falhou, porque um irmão errou, assim como um pastor enxerga o erro dos seus filhos. Aliás, como são perdoados e apagados da memória da igreja os pecados dos filhos do pastor! Já percebeu com que "amor" são tratados os adultérios, fornicações, desvios, dos filhos de pastores?! Alguns tem a proeza de chegar a dizer que o pecado na vida destes "meninos" fora "da vontade de Deus". Se você comentar que o filho pastor está desviado, quando não desviam o assunto, alguém logo lhe diz: "Mas já está voltando...", "Ele está em outra igreja...", "Ontem ele chorou muito em uma reunião..." Tudo mentira! Não se diz o mesmo do filho do irmão que é pedreiro! Aquele desviado, filho do irmão pobre da igreja, é um filho do inferno, filho do capeta, que qualquer hora pode morrer desviado, ou Jesus voltar e ele ficar! O mesmo tratamento diferenciado é dado a filhos de políticos ou filho de algum empresário, que um dia já esteve com o nome no rol de membros da igreja, e com certeza ajudava com um dízimo "gordo".

Em certa ocasião, ao encerrar o culto, uma irmã "desceu o cajado" (este é o nome dado ao esculacho evangélico) num rapaz, desviado dos caminhos do Senhor, que visitou a igreja, numa cobrança radical para ele retornar para Jesus. Posso até concordar, se ela realmente fora tocada por Deus para assim adverti-lo. Neste caso, quem sou eu para julgar! Porém, cinco minutos depois deste rapaz ir embora, entra pelas portas da igreja o filho de um conhecido deputado. Este rapaz também é desviado da igreja, e ela sabia disso. Saiu correndo de onde estava, e carinhosamente foi abraça-lo. "Oh, meu amado irmão..." Irmão?! Todo mundo sabe que o sujeito é desviado da igreja! Faz tanto tempo que ele é desviado, que saudou um irmão com a "paz da graça". Não sei se alguma igreja saúda assim, mas acho difícil. E ele é um afastado confesso. Não esconde isso de ninguém. E sua presença ali se deu porque era época de eleição, e sua intenção era pedir votos para o pai. E nem foi assistir o culto. Foi depois que encerrou, apertar a mão dos "irmãos". Porque ela não usou do mesmo carinho com o rapaz que ela conversou cinco minutos antes? Porque não pregou com o mesmo rigor e autoridade com o filho do político, que também é um desviado, que 'conhece a verdade'?! Um tanto contraditório este tipo de comportamento, não acha?!

Conselhos para entregar os seus problemas nas mãos do Senhor, é dado de púlpito, quase nunca vivido na prática. É como se diz popularmente, "da boca para fora". Não passa disso. Diante dos problemas, a grande maioria toma as atitudes como melhor lhe convém. Não que eu acredite que devemos ficar de braços cruzados diante de algumas circunstâncias. Não é a situações que precisam de nós que estou me referindo. Me oriento no conselho tão pregado, de "entregar seus problemas nas mãos do Senhor". Do contrário, porque se canta este hino? Porque então se prega e se aconselha tanto a deixarmos as nossas causas nas mãos do Senhor?? Entendemos que, diante de uma situação controversa, entregamos nas mãos de Deus um determinado tipo de problema, e que não agimos pelo impulso da vingança, do ódio, da revolta. Podemos até ficar indignados, mas não deixarmos o sol se por sobre nossa ira! O que vemos são determinados líderes, cantores gospel, pregadores, falando em advogados, processos, etc. Há pastores que chegam a usar um linguajar semelhante a de um delegado estressado com bandidos. Entra na igreja com a cara 'amarrada', sai do gabinete 'cuspindo maribondos', reclamando de tudo e de todo mundo. Resumindo, um cristão com um comportamento semelhante a este, não aprendeu nada do que é ser cristão. Pode saber a teoria da Bíblia, mas não vive o Evangelho genuíno de Cristo. Não podemos ter uma vida cristã de "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço". Isso é condenável pelas escrituras, e não gera frutos!

Viva uma vida cristã, não perfeita, pois, como já disse, não nos é possível. Mas viva com sinceridade em seu coração. Antes de buscar "dons", de querer "pregar" e ser o "pregador da noite", peça a Deus para ter um coração mais puro, com amor verdadeiro ao seu próximo. Peça a Deus, mesmo que você não faça, nem goste de fofoca, para purificar os seus lábios. Que não saia de sua boca nenhuma palavra que possa magoar e destruir a vida do seu irmão. Peça a Deus para você ser "diferente do mundo" não somente em seu exterior ou comportamente religioso, mas no coração, em espírito e em verdade! Peça a Deus, mesmo que você tenha certeza que é, para ser sempre um cristão verdadeiro!

"Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem. Condutores cegos! Que coais um mosquito e engolis um camelo. Como escapareis da condenação do inferno?" (Mateus 23:3,24,33)

"E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos". (Tiago 1:22)


Denis de Oliveira é pastor da Assembleia de Deus, Ministério Poder de Deus, RJ.